Precisamos falar sobre cyber censura

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Imagine só você, no conforto da sua casa, fazendo uma pesquisa em um buscador qualquer sobre um assunto que te interessa. O retorno? Uma página em que está escrito “conteúdo não encontrado” ou “este conteúdo foi bloqueado”. Como você se sentiria? Eu confesso que comigo foi frustrante passar por essa cyber censura.

Aconteceu comigo durante uma passagem por Istambul, na Turquia. As coisas começaram a ficar estranhas quando tentei assistir “Friends” no Netflix e o conteúdo estava indisponível, assim como outros títulos. A surpresa de fato aconteceu quando fiz uma busca no Google e recebi uma mensagem no browser dizendo que aquele conteúdo era restrito no país e que o incidente tinha sido reportado ao governo (!). Confesso que as pernas tremeram, pois percebi que todo o meu tráfego estava sendo analisado.

Pois é. Em muitos países, existem pessoas que passam por este tipo de situação. Isso acontece devido a uma limitação feita pelo governo com relação ao que as pessoas acessam, baixam ou leem na internet. 

O caso chinês

Um exemplo é o que está acontecendo na China. Em novembro do ano passado, uma fonte chinesa entregou ao jornal “New York Times” um documento com mais de 400 páginas que apontava um possível campo de concentração de muçulmanos no país, território que considera o “extremismo religioso” um crime.

O assunto, aparentemente, tem sido acobertado para que os chineses não possam discutir livremente sobre esta e outras questões políticas, principalmente na internet. 

Vale lembrar que a China possui vários aplicativos e sites barrados em território nacional, inclusive o Google, que é 100% inacessível, assim como o Youtube e o Facebook. 

Tik Tok: será que existe censura?

O Tik Tok vem sendo questionado sobre esse possível controle governamental dentro do app, cerceando o que pode ou não ser acessado pelos usuários.

Sendo o aplicativo mais baixado do mundo, o regimento interno do Tik Tok determina simplesmente que os usuários devem seguir ”a legislação local” de seus países.

Uma matéria do Guardian revela que uma busca das hashtags #hongkong, #tiananmen e #tibet no aplicativo resulta majoritariamente em vídeos sem relevância com o assunto ou que abordem o tema de um jeito leve e lúdico. Ou seja: não há conteúdos que expressem críticas ou insatisfação.

Vale frisar que esse tipo de postura governamental não é exclusividade chinesa. Na Espanha, por exemplo, não se pode criticar o rei.

Dia Mundial Contra a Cyber Censura

O dia 12 de março foi determinado pelo RSF (Repórteres Sem Fronteiras) como o Dia Mundial Contra a Cyber Censura. 

O tema é delicado e cabível de interpretações, todos sabemos disso. Mas é preciso repensar o quão importante é oferecer uma internet ou ambiente virtual que não limite a liberdade de expressão dos usuários.

Vale frisar que essa reflexão não põe em questão o controle contra cibercrimes, que sempre se faz necessário. 

O que está em cheque neste texto é a discussão sobre qual o limite que um governo tem sobre o que pesquisamos ou acessamos na internet. Segundo a RSF, países como China, Arábia Saudita, Vietnã e Tunísia seguem essas práticas de cyber censura com seus cidadãos.

Eu, em nome da Mambo WiFi, afirmo que prezamos pela liberdade de expressão e somos a favor de uma internet que seja livre para todos, na qual se possa confiar nas pesquisas e que não haja limites para o que se deseja saber sobre o seu país.

Para continuar a discussão e entender a diferença sobre censura e segurança da rede, temos alguns conteúdos que tratam sobre o Marco Civil e também sobre a LGPD, que deve entrar em vigor ainda este ano no Brasil. Não deixe de conferir!

Sobre o autor:
Sérgio Costa – Ex-CEO do WSpot | Board Member e Dev. Sênior na Mambo WiFi
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